domingo, 11 de setembro de 2011

11 DE SETEMBRO DE 2001: O TEMPO É O SENHOR DA RAZÃO

 
 
O objetivo principal do historiador é revelar um olhar significativo para determinado fato relevante, analisando as suas causas e consequências. Lembro-me de que, quando iniciei o meu curso de História na Universidade Federal do Amazonas no final dos anos 90, a maioria dos professores dizia: “Esqueçam a forma como foi contada determinada história. Aqui vocês ajudarão a reconstruí-la”. Confesso que em um primeiro momento não compreendi muito bem como seria isso na prática. Mas o tempo, principalmente para os historiadores, é realmente o ‘senhor da razão’. E eis que, já no final do meu curso, mais precisamente no dia 11 de setembro de 2001, os meus olhos presenciavam pela televisão o verdadeiro significado de um fato histórico que abalava as estruturas da nação mais poderosa do mundo.

       Na época do fato já lecionava a disciplina de História e percebia a grande responsabilidade que tinha em mãos ao ter que emitir algum tipo de opinião sobre o ocorrido. Uma coisa que aprendi é que nós, historiadores, não devemos, no calor da emoção, fazer qualquer tipo de juízo de valor. Isso é extremamente temerário, devido às inúmeras informações desencontradas. Como afirma o historiador francês March Bloch: “o conhecimento do passado é uma coisa em progresso, que incessantemente se transforma e aperfeiçoa.” Mas de pronto, com uma visão simplista, poderia dizer que, assim como durante a Guerra do Golfo em 1990, a televisão teve um papel fundamental também durante o ataque aos Estados Unidos. Mas a Guerra do Golfo ocorreu bem distante do ocidente. Não era o território americano que sofria uma ação ofensiva terrorista e que demonstrava vulnerabilidade. 

        No dia em que para uns se comemora e para outros se lamenta o os dez anos dos atentados às Torres Gêmeas nos Estados Unidos podemos, enfim, fazer uma análise mais amadurecida e sólida através de todo o desenrolar do 11/09.

        Em primeiro lugar, percebe-se que a fragilidade e o desequilíbrio dos Estados Unidos estavam refletidos no seu maior representante na época, George Bush. Um presidente que tinha sido eleito apoiado pelas grandes indústrias bélicas e que já nutria um sentimento revanchista em relação ao Iraque de Saddam Hussein, devido ao insucesso na tentativa de deposição deste líder iraquiano durante a Guerra do Golfo. Sentimento revanchista explicado por que o presidente dos Estados Unidos naquele momento do conflito era o pai de Bush.

           Assim, fomos levados pelos discursos de George Bush a “satanizar” o Oriente e legitimarmos as ações de todas as divagações norte-americanas. E para piorar, veio a imposição. As nações do mundo fora intimidadas com um discurso tipicamente imperialista de Bush ao afirmar que “cada país tem uma decisão a tomar. Ou está do nosso lado ou do lado dos terroristas”. De maneira “democrática”, a maioria da população americana e ocidental era conduzida pelas ideologias de um líder desequilibrado em suas atitudes. Ao invés de calma e boas estratégias de controle, a política adotada por George Bush pós o ‘11/09’ foi totalmente mal articulada e colocou o mundo inteiro como possíveis ameaças aos EUA, o ‘invisível oculto’, burocratizando ao máximo a entrada neste país.


Pessoas desequilibradas, líderes irresponsáveis
        
A resposta americana ao ataque foram as invasões ao Afeganistão, na ‘caçada’ ao líder terrorista Bin Laden, e do Iraque em março de 2003, devido à suposta fabricação de armas nucleares, o que foi desmentido meses depois pelo próprio Bush ao afirmar que “o fato mais lamentável de toda a presidência tem que ser a falha de inteligência no Iraque. Muitas pessoas colocaram suas reputações à prova e disseram que armas de destruição em massa eram um motivo para retirar Saddam Hussein”. Acontece que o saldo desses erros não são apenas números, e sim vidas: 4 mil soldados americanos mortos e um resultado que pode chegar à casa de mais de 1 milhão de mortos iraquianos e afegãos, inúmeros deles inocentes. O que dá uma média de 291.50 iraquianos e afegãos mortos para cada norte-americano assassinado no 11/09 (o total de mortos de 2.996 pessoas). Os dados são da organização norte-americana Unknown News. Tratava-se claramente de uma revolta das ‘criaturas’ contra o ‘criador’. Todos os personagens responsáveis pelas humilhações recentes aos Estados Unidos foram suas criações, ou seja, tiveram o apoio dos próprios líderes americanos, que até mesmo investiam na economia dos países desses líderes: Osama Bin Laden no Afeganistão, Saddam Hussein no Iraque e, o mais recente, Muammar Kadhafi na Líbia. A verdade é que foram aliados enquanto interessavam aos EUA.

           Violência gera violência, e foi isso que a chamada “Guerra ao Terror” proporcionou. Assim pudemos assistir ao fim dado ao líder iraquiano Saddam Hussein como se estivéssemos em um mundo onde não existisse um Tribunal Penal Internacional para julgar os crimes cometidos; pudemos assistir à comemoração dos americanos que, tirando as armas, pareciam mais os povos do Oriente após a deposição de um líder com a confirmação da morte de Bin Laden.

             Convivemos com essas “emoções bélicas” de parte a parte durante esses últimos dez anos. E para complementar as informações sobre as ações norte-americanas, o próprio “dedo-duro” do WikiLeaks postou vídeos nos quais comprova-se as atitudes totalmente desumanas e desproporcionais contra a vida de iraquianos inocentes. Ressalto que sou totalmente contra a guerra. Penso que líderes sanguinários têm que pagar pelos seus crimes cometidos de acordo com as leis internacionais e não pela máxima da “justiça com as próprias mãos”. Muito menos compactuo com a ideia de que “os fins justificam os meios” de Maquiavel.

   Por fim, o tempo nos ensinou neste episódio do ‘11/09’, que o terror não possui religião, nacionalidade, desenvolvimento econômico ou tecnológico. A lição maior é o perigo de sermos conduzidos, novamente, por falsas ideologias de líderes mentalmente doentes.




 
Programa Dossiê Globo News – depoimento de ex-soldado americano sobre a invasão no Iraque - Parte1


Programa Dossiê Globo News – depoimento de ex-soldado americano sobre a invasão no Iraque - Parte 2


Programa Dossiê Globo News – depoimento de ex-soldado americano sobre a invasão no Iraque - Parte 3


Programa Dossiê Globo News – depoimento de ex-soldado americano sobre a invasão no Iraque - Parte 4







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